domingo, 26 de abril de 2009

Coisas do século passado

Há menos de duas semanas estava caminhando no centro da cidade quando vi algo que me deixou surpreso. Passei em frente a um estabelecimento de ensino que oferecia cinco modalidades de cursos. A segunda modalidade era “Datilografia”.

Ao ler o nome deste curso levei um susto. Pensei ter voltado no tempo, olhei para mim e conferi se não estava usando roupas douradas e sapato plataforma. Quando percebi que não havia voltado no tempo e que o mundo permanecia no terceiro milênio, pude pensar: “datilografia em pleno 2009?”.

Nós vivemos em um mundo onde a atualização da tarde torna obsoleta a inovação da manhã. Como que uma escola pode ainda formar turmas para datilografar? É o mesmo que usar disquete para entregar relatórios na faculdade. É o mesmo que comprar uma fita com a trilha sonora da novela das oito. É o mesmo que dizer que Derci, que Deus a tenha, é uma adolescente.

E o pior é que algumas pessoas não se dão conta apenas de que a roda do temo está passando apenas quando falamos em tecnologia. O mundo está cada dia mais perigoso. É absurdo pensar que em dias como os atuais existem pais que deixam suas filhas de doze anos saírem sozinhas de ônibus para o shopping no centro. Sozinhas. Sozinhas num mundo cão. Sozinhas num mundo cão em metamorfose. Sozinhas num mundo cão em metamorfose violenta onde elas são a paste mais fraca da corda.

Pais e mães que permitem liberdade excessiva no início da pré-adolescência não podem nem ser chamado de irresponsáveis. Talvez seja pura inocência, afinal no segundo milênio não era dessa forma. Ele podiam sair a noite e voltar caminhando em grupos pela rua sem a sombra do assalto o perseguindo. A vida tinha mais valor. Hoje em dia a vida humana está facilmente comparada a uma casca e árvore. Está ali, frágil e não custa nada derrubar.

Triste não é? Pois que me vejam como quadrado, obsoleto ou o que for, nunca um filho meu terá esta liberdade juvenil que vejo nas ruas, com pré-adolescentes caminhando em bandos pensando que são os donos do mundo quando não tem prática nem em uma travessia de rua. O mundo mudou. Continua mudando. Está na sua mão uma geração que pode ser um grupo de datilógrafos de doze anos que vivem em shopping centers ou uma nação informatizada e ciente do mundo real que existe ali na calçada de casa. O que você prefere?

5 comentários:

Débora disse...

Mazzáááá, eu estava aguardando ansiosamente teu retorno ao blog... Chegou o dia!! Como sempre escrevendo maravilhosamente sobre coisas horrorosas. Pensando bem, tá tudo errado mesmo!

Beju primo!

Débora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Débora disse...

"Os jornais não informam mais
E as imagens nunca são tão claras
Como a vida
Vou aliviar a dor e não perder
As crianças de vista
Eo, Eo, Não perca as crianças de vista"
[O Rappa]

Daia disse...

Olááá!

Beto, mas acho que depende de que datilografia estamos falando... Não me pareceu ser datilografia em máquinas de escrever... muita gente pratica hoje datilografia para computadores, pois certos empregos exigem certa agilidade que não é aquela que nós, mero tecladores de msn e internet em geral obtemos,... são pessoas que digitam os dedos nos lugares certos e podem até olhar para os lados sem errar nada... pessoas muito úteis para a nossa correria louca, desse mundo que quer tudo pra anteontem.

Quanto a parte do "pais e mães que permitem liberdade excessiva no início da pré-adolescência não podem nem ser chamados de irresponsáveis"... pra mim são irresponsáveis sim. Está na cara como tu mesmo disse o que vivemos hoje e eles devem saber que na época deles foi diferente, é perceptível.

Deixar a filha de doze anos pegar um ônibus sozinha é um risco. Mas se todos começarem a pensar assim talvez estejamos criando pessoas que não sabem se virar ou até mesmo sem iniciativa. Mas eu realmente não deixaria minha filha de doze anos sair sozinha. Mas como mãe, na verdade não deixaria nem com 18, afinal os riscos existem até para uma mulher de 30. Obviamente a criança é mais frágil, mas a verdade é que todos corremos riscos, a marginalidade está aí. Bem aquela coisa de "os bandidos soltos e nós presos dentro de casa". Então, enfrentar o mundo teremos que enfrentar sempre, mais cedo ou mais tarde.

Infelizmente esse é o nosso mundo. As consquencias estão ai.

O que prefiro?
Pessoas conscientes. Quem dera que todas fossem assim...

Grazielle Montezano disse...

Oi (:
vim dar uma olhadinha aqui e agradecer pelo comentário ^^
parabéns pelos textos que escreve!
;*